A insegurança em nosso trânsito está atingindo níveis insuportáveis. Tanto nas cidades como, e principalmente, nas estradas, morre-se no Brasil mais do que na guerra do Iraque.
Segundo o Relatório Status Global de Segurança Viária da Organização Mundial de Saúde de 2009, o número de mortes por 100.000 veículos por ano no Brasil foi de 70,8 enquanto que no Reino Unido foi de 9,6, nos EEUU de 17,0, na Argentina de 32,8 e no México de 68,1 (Revista Auto Esporte de out 2010).
A cada fim de semana prolongado, os chamados feriadões, o drama já é anunciado com antecedência pela imprensa e, depois, feitas as comparações com datas semelhantes anteriores, quase sempre mostrando evolução dos sinistros.
Nada é feito. Ou melhor, nada de eficaz é feito, já que, normalmente, são tomadas medidas absolutamente inócuas para tentar resolver o problema. Este é o ponto: atacam-se os efeitos em vez de atacar as causas, e o pior, atacam-se os efeitos errados.
Alguns exemplos: Lei do álcool zero, limites de velocidade cada vez mais reduzidos, lei da cadeirinha para crianças, obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, e por aí vai. Leis e regulamentos, quase todos jogando para cima do motorista a “culpa” pelo que acontece e o ônus da solução, é o que não falta.
Ainda não vi nenhum governo, federal, estadual ou municipal assumir este problema como prioritário, fazer seu “mea culpa”, traçar algum plano de solução e colocar mãos à obra.
Parece-me evidente que as causas são muitas, a parcela de culpa da administração pública é muito grande e não se obterá qualquer resultado sem um conjunto de medidas bem aplicadas e bem coordenadas, bem entendidas e bem aceitas pela parte interessada (a população, neste caso pedestres e motoristas).
A quem cabe a responsabilidade de fazer isto?
Ao poder público é evidente.
O poder público precisa entender e assumir que seu papel nesta solução não pode se resumir a elaborar, coordenar e implementar o plano. Nada disso! Sua responsabilidade vai muito além. Talvez por isto ninguém queira meter a mão nesta cumbuca.
A verdade é que a solução requer altos investimentos. Mas vidas humanas têm preço?
Sem vias públicas (estradas e ruas) adequadas, suficientes e bem sinalizadas é impossível pretender resultados. É só ver as estatísticas: os acidentes fatais acontecem menos onde há boas condições de tráfego.
Policiamento. Muito melhor regulamentos permissivos com tolerância zero por parte da fiscalização do que leis draconianas sem qualquer policiamento. O que não dá para fazer é endurecer a lei e a fiscalização ao mesmo tempo. Aí se inferniza a vida dos cidadãos que passam a não colaborar com a solução.
Educação para o trânsito também é fundamental. A imprudência é uma das grandes causas de acidentes, mas a imperícia também é e a própria imprudência, muitas vezes, é fruto da má educação para o trânsito. Uma boa e permanente campanha de educação nas escolas, mas principalmente pela mídia, é indispensável e seria muito eficaz. Os governos gastam tanto em propagandas desnecessárias, só para salientar suas realizações, porque não destinar estas verbas para este tipo de campanha?
Esta é a minha opinião.